domenica, febbraio 03, 2008

Definitivo


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.


Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,


por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos,

por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,


por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,e não compartilhamos.


Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.


Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.


Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.


Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.


Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.


Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?


A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, que,
esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.


A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


(Carlos Drummond de Andrade)

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